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terça-feira, 2 de julho de 2019

Incontinência Urinária no Idoso


Incontinência Urinária no Idoso


          A incontinência urinária é uma das grandes síndromes geriátricas e ela se caracteriza pela perda involuntária de urina, ou seja, a pessoa tem dificuldade em controlar a urina. A prevalência aumenta com a idade e cerca de um terço das mulheres e um quarto dos homens sofrem com algum grau de incontinência urinária. (Coimbra, 2014)
           De acordo Chaimowicz (2009) um estudo realizado em Ouro Preto em MG mostrou que 69% das mulheres desenvolveram incontinência urinária, enquanto os homens alcançaram 55%, esse número aumenta em casos de pessoas idosas institucionalizadas.
            A incontinência urinária afeta diretamente a qualidade de vida da pessoa, pois leva a diminuição da auto-estima, diminuição da participação e até ao isolamento social, depressão, quedas e fraturas, devido à necessidade urgente de ir ao banheiro, provocando acidente. Além do desenvolvimento de infecções, úlcera de pressão, disfunção sexual, podendo chegar à institucionalização. (CHAIMOWICZ, 2009 e FREITAS, 2017)
          Você sabia que a pessoa idosa urina mais a noite do que uma pessoa mais jovem? Pois é, o jovem elimina dois terços durante o dia e um terço a noite, já os mais velhos eliminam metade de dia e a outra metade à noite, por isso se levantam tanto durante a noite para ir ao banheiro. (COIMBRA, 2014)
     Muitos idosos acreditam que a incontinência urinária é normal devido ao envelhecimento e acabam não procurando ajuda especializada, principalmente por se sentirem envergonhados.
            “A micção é um processo complexo e dinâmico cuja fisiologia envolve a integração de nervos periféricos, medula e centros encefálicos em córtex cerebral, ponte, bulbo e mesencéfalo. Estes centros superiores dirigem aos órgãos do trato urinário inferior influências neurológicas excitatórias e inibitórias e recebem aferências sensitivas desses órgãos.” (FREITAS, 2017)
        A incontinência urinária pode ser dividida em dois tipos: 1) Incontinência Urinária Transitória e 2) Incontinência Urinária Estabelecida.
            A Incontinência Urinária Estabelecida pode ser subdividida em:
  • Incontinência urinária de estresse ou de esforço;
  • Incontinência urinária de urgência ou bexiga hiperativa ou instabilidade do detrusor;
  • Incontinência urinária por hiperfluxo ou transbordamento;
  • Incontinência urinária mista;
  • Incontinência funcional.
            Vejamos agora cada uma das incontinências:

           Nos casos de incontinência urinária transitória, geralmente há uma causa específica, identificável e potencialmente reversível. Observe o quadro abaixo:
Constipação intestinal, fecaloma: provocam urgência ou incontinência urinária de transbordamento.
Confusão mental: o paciente não compreende que quer urinar ou não acha o banheiro.
Dificuldade de locomoção: fratura, AVC, Parkinson, osteoartrite, hipotensão ortostática.
Doenças sistêmicas em idosos frágeis: pneumonia, fibrilação atrial aguda, etc.
Infecções do trato urinário: cistite, uretrite, vulvovaginite.
Ingestão de líquido em excesso: no final da tarde ou à noite, pode provocar nocturia.
Medicamentos: veja um quadro especifico sobre drogas que provocam incontinência urinária.
Neoplasia, cálculos e divertículos vesicais: provocam incontinência urinária de urgência.
Poliúria: diabetes descompensado, reabsorção noturna de edema, hipercalcêmica.
Retenção urinaria: por anticolinérgicos ou prostatite (provocam incontinência urinária de transbordamento).
(CHAIMOWICZ, 2009)
Substâncias que podem provocar ou agravar a incontinência urinária:
Diuréticos – rápido enchimento vesical; diminui a capacidade de contração miccional.
• Cafeína – diurético.
• Sedativos – deprimem os centros cerebrais que inibem a micção.
• Álcool – efeito diurético e sedativo.
• Anticolinérgicos – retenção urinária e fecal e delirium.
• Antidepressivo – efeito anticolinérgico e sedação.
• Antipsicóticos – efeito anticolinérgico, sedação, rigidez e i mobilidade.
• Analgésicos opioides – sedação, impactação fecal e urinária.
(COIMBRA, 2014)
       O tratamento da causa geralmente leva a remissão da incontinência urinária transitória.
     
      Lista de substâncias que afetam a continência urinária:




         A incontinência urinária de estresse ou de esforço se dá devido ao aumento da pressão intra-abdominal que ocorre ao espirrar, tossir, rir, correr ou se inclinar. Nas mulheres os fatores de risco abrangem a obesidade, partos vaginais, hipoestrogenismo (diminuição da quantidade de estrogênio) ou cirurgias. No homem esse tipo de incontinência é mais incomum, porém, se dá devido à deficiência esfincteriana intrínseca secundária a cirurgias, principalmente a prostatectomia radical e ainda mais rara quando há traumas pélvicos e lesões neurológicas. (FREITAS, 2017) Nas idosas é o segundo tipo mais comum de incontinência, já nas mulheres jovens a é a mais comum (COIMBRA, 2014)
        A incontinência urinária de urgência ou hiperativa é a mais comum entre pessoas idosas, principalmente nas maiores de 75 anos e ela se dá com um forte e urgente desejo de urinar, podendo apresentar ou não incontinência e há aumento do volume e da frequência. (CHAIMOWICZ, 2009 e FREITAS, 2017)
         Já a incontinência urinária por hiperfluxo ou transbordamento ocorre com a obstrução da uretra ou doença neurológica levando a hiperdistensão da bexiga, ou seja, a bexiga passa a eliminar pequenas quantidades de urina constantemente. (CHAIMOWICZ, 2009)
        Incontinência urinária mista é a coexistência de mais de um tipo de incontinência no mesmo indivíduo. Condição frequente entre idosos, especialmente nas mulheres”. (CHAIMOWICZ, 2009)
   Incontinência funcional ocorre devido a causas externas como fraturas, comprometimentos cognitivos, limitações físicas, psíquicas ou ambientais que possam dificultar a chegada ao banheiro. (FREITAS, 2017)
     O tratamento no caso da incontinência urinária é multifatorial e deve ter um planejamento adequado e personalizado para cada individuo para assim poder atender a demanda especifica de cada um. O tratamento pode ser não farmacológico, através de modificações no ambiente para facilitar o acesso do idoso ao banheiro ou através de técnicas corporais, com exercícios que possibilitem a restauração da capacidade de urinar normalmente. O tratamento pode ser também farmacológico ou cirúrgico.      
         Importante que se você observar qualquer sintoma deve procurar ajuda especializada para dar inicio ao tratamento e evitar maiores complicações como isolamento social, depressão, infecções e até mesmo institucionalização. Não se sinta inseguro ou envergonhado, procure ajuda e assim manter sua qualidade de vida.

REFERENCIAS:
COIMBRA, Angela Maria Castilho (Org.) Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Organizado por Angela Maria Castilho Coimbra e Ana Paula Abreu Borges.  2a ed. Rio de Janeiro: EAD/ENSP, 2014.
FREITAS, Elizabete Viana de; Py Ligia. Tratado de geriatria e gerontologia.. – 4. ed. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
CHAIMOWICZ, Flávio com colaboração de Barcelos, Eulita Maria; Madureira, Maria Dolores S. e Ribeiro, Marco Túlio de Freitas. Saúde do idoso. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, Coopmed, 2009.