Incontinência Urinária no Idoso
A incontinência urinária é uma das grandes
síndromes geriátricas e ela se caracteriza pela perda involuntária de urina, ou
seja, a pessoa tem dificuldade em controlar a urina. A prevalência aumenta com
a idade e cerca de um terço das mulheres e um quarto dos homens sofrem com
algum grau de incontinência urinária. (Coimbra, 2014)
De acordo Chaimowicz (2009) um
estudo realizado em Ouro Preto em MG mostrou que 69% das mulheres desenvolveram
incontinência urinária, enquanto os homens alcançaram 55%, esse número aumenta
em casos de pessoas idosas institucionalizadas.
A incontinência urinária afeta
diretamente a qualidade de vida da pessoa, pois leva a diminuição da auto-estima,
diminuição da participação e até ao isolamento social, depressão, quedas e
fraturas, devido à necessidade urgente de ir ao banheiro, provocando acidente.
Além do desenvolvimento de infecções, úlcera de pressão, disfunção sexual,
podendo chegar à institucionalização. (CHAIMOWICZ, 2009 e FREITAS, 2017)
Você sabia que a pessoa idosa urina
mais a noite do que uma pessoa mais jovem? Pois é, o jovem elimina dois terços
durante o dia e um terço a noite, já os mais velhos eliminam metade de dia e a
outra metade à noite, por isso se levantam tanto durante a noite para ir ao
banheiro. (COIMBRA, 2014)
Muitos idosos acreditam que a
incontinência urinária é normal devido ao envelhecimento e acabam não
procurando ajuda especializada, principalmente por se sentirem envergonhados.
“A micção é um processo complexo e dinâmico cuja fisiologia
envolve a integração de nervos periféricos, medula e centros encefálicos em
córtex cerebral, ponte, bulbo e mesencéfalo. Estes centros superiores dirigem
aos órgãos do trato urinário inferior influências neurológicas excitatórias e
inibitórias e recebem aferências sensitivas desses órgãos.” (FREITAS, 2017)
A incontinência urinária pode ser
dividida em dois tipos: 1) Incontinência Urinária Transitória e 2)
Incontinência Urinária Estabelecida.
A Incontinência Urinária
Estabelecida pode ser subdividida em:
- Incontinência
urinária de estresse ou de esforço;
- Incontinência
urinária de urgência ou bexiga hiperativa ou instabilidade do detrusor;
- Incontinência
urinária por hiperfluxo ou transbordamento;
- Incontinência
urinária mista;
- Incontinência
funcional.
Vejamos agora cada uma das
incontinências:
Nos casos de incontinência urinária transitória, geralmente há uma causa específica, identificável e potencialmente
reversível. Observe o quadro abaixo:
Constipação intestinal,
fecaloma: provocam urgência ou incontinência urinária de transbordamento.
Confusão
mental: o paciente não compreende que quer urinar ou não acha o banheiro.
Dificuldade
de locomoção: fratura, AVC, Parkinson, osteoartrite, hipotensão ortostática.
Doenças
sistêmicas em idosos frágeis: pneumonia, fibrilação atrial aguda, etc.
Infecções
do trato urinário: cistite, uretrite, vulvovaginite.
Ingestão
de líquido em excesso: no final da tarde ou à noite, pode provocar nocturia.
Medicamentos:
veja um quadro especifico sobre drogas que provocam incontinência urinária.
Neoplasia,
cálculos e divertículos vesicais: provocam incontinência urinária de urgência.
Poliúria:
diabetes descompensado, reabsorção noturna de edema, hipercalcêmica.
Retenção urinaria: por anticolinérgicos
ou prostatite (provocam incontinência urinária de transbordamento).
(CHAIMOWICZ,
2009)
Substâncias
que podem provocar ou agravar a incontinência urinária:
Diuréticos – rápido
enchimento vesical; diminui a capacidade de contração miccional.
•
Cafeína – diurético.
•
Sedativos – deprimem os centros cerebrais que inibem a micção.
•
Álcool – efeito diurético e sedativo.
•
Anticolinérgicos – retenção urinária e fecal e delirium.
•
Antidepressivo – efeito anticolinérgico e sedação.
•
Antipsicóticos – efeito anticolinérgico, sedação, rigidez e i mobilidade.
• Analgésicos opioides – sedação,
impactação fecal e urinária.
(COIMBRA,
2014)
O tratamento da causa geralmente leva a remissão da incontinência
urinária transitória.
Lista
de substâncias que afetam a continência urinária:
A incontinência urinária de estresse ou de
esforço se dá devido ao aumento da pressão intra-abdominal que ocorre ao espirrar,
tossir, rir, correr ou se inclinar. Nas mulheres os fatores de risco abrangem a
obesidade, partos vaginais, hipoestrogenismo (diminuição da quantidade de
estrogênio) ou cirurgias. No homem esse tipo de incontinência é mais incomum,
porém, se dá devido à deficiência esfincteriana intrínseca secundária a
cirurgias, principalmente a prostatectomia radical e ainda mais rara quando há
traumas pélvicos e lesões neurológicas. (FREITAS, 2017) Nas idosas é o segundo
tipo mais comum de incontinência, já nas mulheres jovens a é a mais comum (COIMBRA,
2014)
A incontinência urinária de urgência ou hiperativa é a mais comum
entre pessoas idosas, principalmente nas maiores de 75 anos e ela se dá com um
forte e urgente desejo de urinar, podendo apresentar ou não incontinência e há
aumento do volume e da frequência. (CHAIMOWICZ, 2009 e FREITAS, 2017)
Já a incontinência urinária por hiperfluxo ou transbordamento ocorre com
a obstrução da uretra ou doença neurológica levando a hiperdistensão da bexiga,
ou seja, a bexiga passa a eliminar pequenas quantidades de urina
constantemente. (CHAIMOWICZ, 2009)
“Incontinência
urinária mista é a coexistência de mais de um tipo de incontinência no
mesmo indivíduo. Condição frequente entre idosos, especialmente nas mulheres”.
(CHAIMOWICZ, 2009)
Incontinência
funcional ocorre devido a causas externas como fraturas, comprometimentos
cognitivos, limitações físicas, psíquicas ou ambientais que possam dificultar a
chegada ao banheiro. (FREITAS, 2017)
O tratamento no caso da
incontinência urinária é multifatorial e deve ter um planejamento adequado e
personalizado para cada individuo para assim poder atender a demanda especifica
de cada um. O tratamento pode ser não farmacológico, através de modificações no
ambiente para facilitar o acesso do idoso ao banheiro ou através de técnicas
corporais, com exercícios que possibilitem a restauração da capacidade de
urinar normalmente. O tratamento pode ser também farmacológico ou cirúrgico.
Importante que se você observar
qualquer sintoma deve procurar ajuda especializada para dar inicio ao
tratamento e evitar maiores complicações como isolamento social, depressão,
infecções e até mesmo institucionalização. Não se sinta inseguro ou envergonhado,
procure ajuda e assim manter sua qualidade de vida.
REFERENCIAS:
COIMBRA,
Angela Maria Castilho (Org.) Envelhecimento
e saúde da pessoa idosa. Organizado por Angela Maria Castilho Coimbra e Ana
Paula Abreu Borges. 2a ed. Rio de Janeiro:
EAD/ENSP, 2014.
FREITAS,
Elizabete Viana de; Py Ligia. Tratado de
geriatria e gerontologia.. – 4. ed. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
CHAIMOWICZ,
Flávio com colaboração de Barcelos, Eulita Maria; Madureira, Maria Dolores S. e
Ribeiro, Marco Túlio de Freitas. Saúde
do idoso. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, Coopmed, 2009.