Encontros Intergeracionais
As famílias vêm passando por grandes transformações
estruturais, as grandes famílias patriarcais abriram espaço para famílias
pequenas e muitas dessas famílias são dirigidas por mulheres. Em muitos casos
os filhos vão viver em cidades maiores em busca de emprego e deixam os pais em
suas cidades natal. Quando os netos nascem os avós moram longe, e por isso as
crianças não têm muito contato com os mais velhos.
Estas mudanças levaram a um distanciamento das famílias,
e um afastamento entre idosos e crianças, avós e netos, principalmente quando
há um entendimento na família de que o idoso não serve para mais nada (LIMA,
2007). Uma visão preconceituosa imposta pela sociedade e que dificulta a troca
de experiências entre as gerações.
Durante
a interação intergeracional os mais velhos podem recordar seus momentos de
infância, trazendo à tona sentimentos e emoções guardados no inconsciente.
Estes encontros proporcionam troca de saberes e de experiências. A criança tem
a possibilidade mostrar para o idoso seus novos brinquedos, e por sua vez os
mais velhos relembram e compartilham suas memórias dos brinquedos antigos com
os pequenos.
Portanto,
o convívio entre idosos e crianças leva a interação e conhecimento, as crianças
conhecem através de relatos dos mais velhos as histórias sobre seu passado,
seus territórios, cidades e do mundo. A quebra de preconceitos também se dá com
a intergeracionalidade, através da relação e do convívio, da troca de afeto o
preconceito colocado pela sociedade vai se dissipando. É possível existir
diálogos, aos quais se possam discutir as dificuldades que cada geração
enfrenta e pode-se dar sugestões para se solucionar estas dificuldades.
(FRANÇA, SILVA e BARRETO; 2010)
Em
meu trabalho no centro de acolhida especial para idosos observamos o quanto essa
troca de afeto é importante para ambas as gerações. O projeto intergeracional
com a Escola Estadual Victor Oliva já acontece há dois anos e as visitas
acontecem uma vez por mês. Os idosos vão até a escola e interagem com uma sala
por cerca de cinquenta minutos, depois a interação se dá no pátio e no refeitório,
onde os mais velhos são sempre recebidos com muito carinho e atenção pelos mais
novos.
Nestes encontros há troca
de saberes, os idosos passam seus conhecimentos às crianças sobre os brinquedos
e brincadeiras antigas, de como era a vida antigamente e as crianças falam para
os idosos sobre os novos brinquedos, principalmente os eletrônicos, como vídeo
games, tablets e celulares. Eles interagem de forma natural durante as
brincadeiras, jogos e cantigas, possibilitando aos idosos recordar a infância.
Criaram vínculos, o que possibilitou transformação individual e social para
ambas as gerações.
Estas visitas reanimam os idosos,
renovam suas energias que saem desses encontros com brilho nos olhos e felizes
e aguardam ansiosos os próximos encontros. As crianças aprenderam a amar e a
respeitar os idosos ‘fofinhos” como costumam falar.
Com base nessa experiência de
sucesso com idosos em situação de vulnerabilidade social, hoje iniciei um novo
projeto intergeracional com uma grande amiga, Vanessa Catto, Encontros
Intergeracionais. Pretendemos reunir, crianças, jovens, adultos e idosos no
Parque da Água Branca para interagirem e trocarem experiências. O primeiro
encontro foi modesto com poucas crianças, alguns adultos e algumas idosas
jovens que conversaram bastante enquanto tomaram um gostoso café da manhã em um
piquenique coletivo. Daremos andamento a este projeto na busca de uma melhor
qualidade de vida dos idosos que vivem a nossa volta, que são muito amados, se estendendo
a todos aqueles que tiverem o desejo de compartilhar alguns momentos de
alegria, interação e troca de afeto.
REFERENCIAS:
LIMA, Cristina
Rodrigues. Programas
intergeracionais: um estudo sobre as atividades que aproximam as
diversas gerações. Dissertação de mestrado. Faculdade de educação, Programa
de pós-graduação em gerontologia. Campinas, SP. 2007.
FRANÇA, Lucia Helena de Freitas
Pinho; SILVA, Alcina Maria Testa Braz da e BARRETO, Márcia Simão Linhares. Programas
intergeracionais: quão relevantes eles podem ser para a sociedade brasileira?
REV.
BRAS. GERIATR. GERONTOL., RIO DE JANEIRO, 2010; 13(3):519-531.
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